segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Espumante nacional



No último canto da consciência, bem lá no fundo, sou tangenciado pela ideia que este mês de dezembro deve apresentar suas invisibilidades, suas distâncias temporais, suas palavras sonoras para além da catedral. Não faz parte do meu cotidiano ler poesia, mas caminhando no centro da cidade, ao deparar-me com aqueles rostos de bronze, e seus dizeres para além do espaço/tempo, que até parecia meio fora do lugar, ali bem no meio da rua, fui arrancado da rotina para subverter as leis da natureza e ler um pouco de poesia. O mundo realmente dá muitas voltas.
Talvez, seja uma estranha forma de bairrismo, mas trago neste inicio de dezembro, a poesia do conterrâneo Caio Fernando Abreu.

Alento
Quando nada mais houver,
eu me erguerei cantando,
saudando a vida
com meu corpo de cavalo jovem.
E numa louca corrida
entregarei meu ser
ao ser do Tempo
e a minha voz
à doce voz do vento.
Despojado do que já não há
solto no vazio
do que ainda não veio,
minha boca cantará
cantos de alívio pelo que se foi,
cantos de espera
pelo que há de vir.

Este filho ilustre da nossa Santiago, deve estar dando um sorriso maroto e conspirador, aquele que seus contemporâneos afirmam o transformar em um rebelde do seu tempo. Que nas festas deste mês, brindemos aqueles que dão suas caras a tapas, fazendo o melhor por Santiago... mesmo que seja com espumante nacional...

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