Vem comigo! Domingo à tarde, dia de
visitas no lar dos idosos. Eles sempre estão sentados envoltos de sol. É
preciso respirar fundo algumas vezes, pois o coração entra em disparada, ao
observar os homens e mulheres que estão em um Asilo. Quais são suas histórias?
Onde estão suas famílias? Quais foram ou são seus sonhos? Por que estão ali?
Palavras quase inaudíveis parecem
trazer consolo para a gente, mas muito, muito mais, se forem pronunciadas, com
carinho e respeito, para aqueles olhares que calmamente inundam nossa vida em
uma simples visita.
Como não pensar no tempo? O tempo que
tudo transforma, até mesmo seus olhares que mesclam incredulidade e gratidão,
uma gratidão pela presença, pelo simples fato de receber atenção. Nada mais
nobre.
Cresci junto a Rua do Asilo de
Santiago, passando diariamente em sua lateral e, nunca tinha entrado. Aquele
espaço parecia nem existir, mas aquele varal de roupas ao sol chamou minha atenção
e me fez entrar ali ainda menino. Passei a ver a vida com outros olhos, minha rotina
saiu do lugar.
Aqueles olhares mansos e tristes
despertaram um paradoxo em minha vida. Alegria e tristeza. O que fazer??? Buscar
na alma a sensibilidade e perceber que podemos fazer algo, mesmo por alguns
minutos que, muitas vezes, serão derradeiros para aqueles solitários seres
humanos que ali estão.
Antônio Vieira já nos deu a lição:
“atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera.” É
dezembro, um tempo de renovação, de descobrir o invisível e acordar para vida.
Qualquer ação pode ser pequena, mas sei que não é insignificante em uma visita
a qualquer asilo de idosos...
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