segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Asilo de idosos



                     
                      

Vem comigo! Domingo à tarde, dia de visitas no lar dos idosos. Eles sempre estão sentados envoltos de sol. É preciso respirar fundo algumas vezes, pois o coração entra em disparada, ao observar os homens e mulheres que estão em um Asilo. Quais são suas histórias? Onde estão suas famílias? Quais foram ou são seus sonhos? Por que estão ali?
Palavras quase inaudíveis parecem trazer consolo para a gente, mas muito, muito mais, se forem pronunciadas, com carinho e respeito, para aqueles olhares que calmamente inundam nossa vida em uma simples visita.
Como não pensar no tempo? O tempo que tudo transforma, até mesmo seus olhares que mesclam incredulidade e gratidão, uma gratidão pela presença, pelo simples fato de receber atenção. Nada mais nobre.
Cresci junto a Rua do Asilo de Santiago, passando diariamente em sua lateral e, nunca tinha entrado. Aquele espaço parecia nem existir, mas aquele varal de roupas ao sol chamou minha atenção e me fez entrar ali ainda menino. Passei a ver a vida com outros olhos, minha rotina saiu do lugar.
Aqueles olhares mansos e tristes despertaram um paradoxo em minha vida. Alegria e tristeza. O que fazer??? Buscar na alma a sensibilidade e perceber que podemos fazer algo, mesmo por alguns minutos que, muitas vezes, serão derradeiros para aqueles solitários seres humanos que ali estão.
Antônio Vieira já nos deu a lição: “atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera.” É dezembro, um tempo de renovação, de descobrir o invisível e acordar para vida. Qualquer ação pode ser pequena, mas sei que não é insignificante em uma visita a qualquer asilo de idosos...

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