quarta-feira, 19 de março de 2008

Civilização bárbara.




O que nos diferencia dos animais é o pensar e a forma racional de sentir o mundo que nos rodeia. Mas o que acontece se não pensarmos mais? O que acontece se não sentirmos racionalmente o mundo?
Penso que nos tornaríamos animais. Deixaríamos de ser humanos. Voltaríamos para a idade da pedra. Agiríamos unicamente por instinto.
Porém, pergunto o que sentimos quando um criminoso morre? Alívio? Parece que o pensamento dominante é de que bandido bom é bandido morto.
Partindo dessas questões e de que não sentimos mais a morte de um semelhante, será que ainda somos humanos?
Ocorreu em Porto Alegre uma demonstração da pertinência dessa questão ética, pois um homem misterioso bom de gatilho matou dois assaltantes ao reagir ao que seria mais um assalto a lotação na capital, tornando-se herói de cerca de 20 passageiros. Até ai tudo bem.
O que causa espanto é o fato de que após o homem misterioso ter tirado os dois corpos a chutes para fora, sob os aplausos das vitimas, a viagem continuou naturalmente, com os passageiros desembarcando normalmente até termo da linha.
Ninguém procurou a polícia. Não se sabe ao certo nem quem eram as pessoas que estavam no ônibus e o que realmente aconteceu a não ser por uma passageira que estava atrás de seu celular que foi apreendido na mochila do ladrão.
Do ocorrido, notamos que há uma trivialidade na violência e que não se confia mais no Estado Democrático de Direito, pois é autorizado matar em legítima defesa de si ou de outra pessoa. Todavia, até agora ninguém se identificou. Será que vivenciamos a banalização da morte? Que civilização bárbara.

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