Não tenho muitos amigos. Sempre tive poucos e bons. Mas sou grato por conseguir cultivar essas amizades. Mas, fantástico mesmo é a oportunidade de conviver com amigos idosos. Estes são ouro! Não que os outros não sejam. Mas a sabedoria é algo fascinante. Conversando com um deles descobri que ele não trocaria seus amigos, sua vida maravilhosa, sua amada família por menos cabelo branco ou uma barriga mais lisa. Enquanto foi envelhecendo, se tornou mais amável e menos crítico de si mesmo, se tornando seu próprio amigo. Incrível.
Ele não se censura por comer biscoito extra, por não fazer a cama ou por comprar algo bobo que não precisava, como uma escultura de cimento, que parece tão “avant garde” no seu pátio. Ele se da o direito de ser desarrumado, de ser extravagante, eis que viu muitos amigos deixarem este mundo antes de compreenderem a liberdade que vem com o envelhecimento. Quem vai lhe censurar se resolver ficar lendo ou jogar computador até as quatro horas e dormir até meio-dia? Ele dançará ao som dos sucessos maravilhosos dos anos 60 e 70 e, se ele, ao mesmo tempo, desejar chorar por um amor perdido. Ele vai.
Como também sabe que às vezes é esquecido. Mas há muito mais coisas na vida que devem ser esquecidas. Ele se recorda das coisas importantes e é abençoado por ter vivido o suficiente para ter seus cabelos grisalhos e ter os risos da juventude gravados para sempre em sulcos profundos em seu rosto. Resumindo: ele gosta de ser “velho”. Ele se libertou e ama a pessoa que se tornou. Ele não se lamenta pelo que poderia ter sido ou se preocupa com o que ainda será, mas, principalmente, não está nem aí para o que os outros vão pensar...
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