quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O caos vai aumentar


No Brasil o cobertor sempre é curto. Muitos atribuem soluções simples para problemas que são realmente complexos em sua essência. Não podemos esquecer que ainda somos um país emergente. Então, verdadeiros absurdos cometem aqueles que simplificam aquilo que é complexo. Não se pode fazer isso, sob pena da vida nos cobrar a complexidade que foi simplificada.
Não é diferente com o conteúdo da RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº 44, DE 26 DE OUTUBRO DE 2010 da ANVISA, que dispõe sobre o controle de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos (antibióticos), de uso sob prescrição médica, isoladas ou em associação e dá outras providências.
No frigir dos ovos, a referida resolução prevê que a venda de medicamentos a base de antibióticos somente poderá ser efetuada mediante receita de controle especial, sendo a 1ª via retida na farmácia e a 2ª via devolvida ao paciente, atestada, como comprovante do atendimento.
Ora, muito bonita aos olhos de seu propósito: contribuir para a redução da resistência bacteriana nas pessoas devido à automedicação. Mas como anda a saúde em todo o país? Existem filas para atendimento? Pessoas morrem nas filas? Todos conseguem uma consulta médica? O SUS está dando conta do recado? O Estado fornece os medicamentos básicos?
Não me venham com não me venha. Como as pessoas vão conseguir uma receita para levar à farmácia? Se você tiver uma simples dor de garganta e tiver que comprar uma amoxicilina terá que ir ao médico. Os postos de saúde vão explodir. Mais pessoas podem morrer, pois o caos vai aumentar

Um comentário:

Weimar Donini disse...

Caro Rodrigo.

Muito pertinente sua postagem, entretanto, uma ressalva e uma colaboração:
Uma das causas da resistência bacteriana aos antibióticos é justamente o uso abusivo e indiscriminado. Veja que, diante de uma simples dor de garganta se toma uma amoxacilina por conta própria e provavelmente por um tempo inferior ao tempo mínimo desejável para que se obtenha um resultado satisfatório (a morte das bactérias).
O uso de um antibiótico de forma errada é o que torna a bactéria resistente.
Quando a pessoa realmente necessitar do antibiótico para uma doença mais grave ou uma cirurgia, como fica?
Há ainda a questão das superbactérias hospitalares que adquirem imunidades a quase todos os antibióticos. Veja que o problema é sério e necessita mesmo de uma regulamentação severa.
Nós, simples mortais, não sabemos dos perigos a que estamos expostos. A indústria farmacêutica, com certeza, sabe.
O ideal (existe?) é evitarmos os antibióticos o quanto pudermos.
A propósito, como (felizmente), nada sei a respeito, valhi-me do auxílio de uma especialista em farmácia aqui de casa mesmo. E digo, como Sócrates: por mais que eu saiba, só sei que nada sei.