sexta-feira, 17 de abril de 2009

Quem acredita em criminosos?


Lamentável. É o mínimo que se pode dizer do depoimento do delegado Protógenes Queiroz na CPI dos Grampos. Para quem não sabe, esse delegado federal era o responsável pela operação Satiagraha, aquela que apurou crimes e levou à condenação do banqueiro Daniel Dantas a dez anos de cadeia, por tentar comprar um dos delegados que o investigavam.
Surpreendentemente, Queiroz passou de investigador a investigado, sendo suspenso por suspeitas de que ele tenha ultrapassado os limites da legalidade e cometido diversos abusos no decorrer da investigação, isso para dizer o mínimo.
Motivo pelo qual o mundo político passou momentos de muito nervosismo nos minutos que antecederam seu depoimento, pois ele havia prometido que iria dar “nome aos bois e expor os meandros da corrupção do país” que comanda até o subsolo do Brasil.
Pena que ele não tenha cumprido a promessa, pois se negou a responder a maioria das perguntas que lhe foram feitas. Até mesmo aquela sobre os detalhes de um suposto tráfico de influência envolvendo Dilma Rousseff na compra da OI e ainda a cooptação por parte da “organização” de Dantas de um dos filhos do presidente Lula. Não falou nada. Calou-se.
Contudo, é fácil entender os motivos de seu silêncio. Todas as informações sobre a corrupção do país advêm, exatamente, de investigações clandestinas, que não teriam sido autorizadas pelo Judiciário e, por isso, jamais poderiam ser de conhecimento do delegado, que teria investigado até o presidente do STF e o ex-ministro José Dirceu, entre outros.
Esse é o problema do Brasil. Parece que a corrupção está logo ali, porém quando alguém tenta tocar é bloqueado por imunidades, autos cargos, influência. Só virando criminoso para ter acesso, como fez o nobre delegado. Mas quem acredita em criminosos?

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